Ao Anjo da Igreja em Filadélfia (3:7-13)
Estas coisas diz o santo, o verdadeiro (7): Nesta carta, Jesus não empregou as descrições do capítulo 1 para se identificar. Ele afirma ser o santo e o verdadeiro. São características divinas (6:10). A santidade é uma das qualidades principais de Deus (veja 4:8; Isaías 6:3). Ninguém é igual ao Santo Deus (Isaías 40:25). A palavra “verdadeiro” é usada freqüentemente no Novo Testamento, e especialmente nos livros de João, em referência a Deus (Pai e Filho). Veja João 3:33; 7:28; 8:26; 17:3; 1 João 5:20; Apocalipse 3:7; 6:10; 19:11; Romanos 3:4; 1 Tessalonicenses 1:9. Enfatiza a sinceridade dele, em contraste com a falsidade dos judeus em Filadélfia.
A igreja
em Filadélfia (7): As únicas referências
bíblicas a Filadélfia se encontram no Apocalipse (1:11; 3:7).
A cidade de Filadélfia gozava uma localização estratégica de acesso entre os
países antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo,
Atalo, cerca de 140 a.C. Ele foi conhecido por sua lealdade ao seu irmão, assim
dando origem ao nome da cidade (Filadélfia significa amor
fraternal). A região produzia uvas e o povo especialmente honrava Dionísio, o
deus grego do vinho. A cidade servia como base para a divulgação do helenismo
às regiões de Lídia e Frígia. Foi localizada num vale no caminho entre Pérgamo
e Laodicéia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e
reconstruída pelo imperador Tibério. Em alguns momentos de sua história, a
cidade recebeu nomes mostrando uma relação especial ao governo romano. Depois
de ser reconstruída, foi chamada brevemente de Neocesaréia. Durante o reinado
de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher dele, e a forma
feminina de um dos nomes dele). Atualmente, a cidade de Alasehir fica no mesmo
lugar, construída sobre as ruínas de Filadélfia.
Aquele
que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém
abrirá (7): Esta linguagem vem de Isaías 22:20-24, onde
a autoridade sobre Jerusalém e sobre
Judá é transferida a Eliaquim. A chave
representa autoridade e poder. Jesus, como descendente real de Davi, controla o
acesso ao reino de Deus. Ele abre, e ninguém é capaz de fechar. Ele fecha, e ninguém
consegue abrir.
Conheço
as tuas obras (8): Como afirmam todas as
cartas, Jesus conhece de primeira mão as obras dos cristãos em Filadélfia.
Tenho
posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar (8): Antes de falar sobre as obras deles, Jesus já oferece
encorajamento a esses discípulos. Mesmo sendo servos fiéis, eles sentiram
fracos e, talvez, incapazes de cumprir bem seus deveres ao Senhor. Jesus queria
assegurá-los de sua fidelidade para com os seus servos.
Portas abertas representam acesso e
oportunidades. Deus abre a porta da fé quando oferece o evangelho aos homens
(Atos 14:27), assim lhes dando acesso à comunhão com ele. Abre portas de
trabalho para seus servos divulgarem a palavra (1 Coríntios 16:9; 2 Coríntios
2:12; Colossenses 4:3). Aqui ele não fala especificamente da natureza das
oportunidades dadas aos discípulos em Filadélfia, mas garante que as portas
ficariam abertas. Hoje, quando Deus abre portas de oportunidade para nós,
devemos aproveitá-las (Tiago 4:17).
Que tens
pouca força (8): Fraqueza nem sempre sugere
pecado. Jesus não condena esta igreja por nenhum erro, mas diz que ela tinha
pouca força. Pode ser que fossem poucos em número, ou de outra maneira
limitados em capacidade. Quando reconhecemos as nossas próprias limitações e
fraquezas, devemos confiar mais em Deus e depender de sua força (2 Coríntios
12:9-10). Como Eliseu venceu os siros pelo poder de Deus (veja 2 Reis 6:16-17),
os fiéis em Filadélfia teriam sua vitória pela força de Jesus.
Entretanto,
guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome (8): Apesar de suas limitações, a igreja em Filadélfia se mantinha
fiel. Guardava a palavra de Jesus. Ele veio ao mundo e revelou a sua palavra,
que nos julgará no último dia (João 12:48-50). Esta nova aliança entrou em
vigor após a morte de Jesus (Hebreus 9:15-17; 8:6-13). Devemos obedecer a
perfeita lei da liberdade que Jesus nos deu (Tiago 1:25). Eles defendiam o nome
de Jesus e não o negaram.
A
sinagoga de Satanás (9): Havia uma sinagoga de
Satanás, uma congregação de falsos judeus, também em Esmirna (2:9). Sabemos do
livro de Atos que as primeiras perseguições da igreja, tanto em Jerusalém como
na Ásia, foram feitas por judeus. A igreja em Filadélfia sofreu por causa
desses falsos judeus.
Eis que
os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei (9): Apesar de serem fracos, os discípulos em Filadélfia ficariam
do lado do vencedor. Seriam exaltados acima dos seus inimigos (veja Isaías
60:14). Os servos fiéis e vitoriosos podem reinar com Cristo sobre as nações
(20:4; 2:26-27), mas a glória e a adoração ainda pertencem totalmente ao
Senhor. Esta honra serviria de prova do amor de Jesus para com os seus
seguidores. Os falsos judeus os odiavam, mas o Senhor e Cristo os amava!
Porque
guardaste a palavra da minha perseverança (10): Não
desistiram!
Eu te
guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para
experimentar os que habitam sobre a terra (10): Os
discípulos em Filadélfia seriam guardados num período de provação que afligiria
o mundo. Pode ser uma referência à perseguição que começou no reinado de
Domiciano e que causou terrível sofrimento e a morte de centenas de milhares de
pessoas. Independente da natureza específica desta provação, Jesus prometeu
proteção (mas não isenção de sofrimento) aos fiéis em Filadélfia. Ainda
precisariam conservar o que tinham (3:11).
Venho sem
demora (11): A vinda de Jesus traria alívio para os
servos que sofriam pelo nome dele, e castigo terrível para os perseguidores e
imundos. Para a maioria em Sardes, seria um dia de angústia (3:3). Para os
cristãos em Filadélfia, seria um dia de alívio.
Conserva
o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (11): Depois de
tudo que Jesus fez e prometeu, os cristãos em Filadélfia ainda teriam que fazer
a sua parte. Ainda enfrentariam tentações e correriam o risco de perder tudo
que haviam alcançado. Mesmo os servos mais fiéis precisam vigiar e permanecer
fiéis até o fim.
Ao
vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus (12): As colunas de Filadélfia racharam e caíram no terremoto
algumas décadas antes, mas as colunas no verdadeiro templo de Deus jamais
seriam destruídas. Estas não são de pedra; são colunas vivas e firmes. Jesus
não fala somente de líderes nas igrejas (veja Gálatas 2:9), mas de todos os
vencedores fiéis. Os discípulos do Senhor são, ao mesmo tempo, pedras vivas e
sacerdotes (1 Pedro 2:5-9).
Daí
jamais sairá (12): Os vencedores
permanecerão no templo para sempre. Gozarão comunhão eterna com Deus.
Gravarei...sobre
ele (12): Várias descrições mostram a posição
privilegiada do vencedor. Nomes gravados sugerem posse. O vencedor pertence a Deus. Ele faz parte do “povo de propriedade exclusiva de Deus” (1
Pedro 2:9). Ele também pertence à cidade
de Deus, a nova Jerusalém. A nova Jerusalém é a noiva de Cristo (21:2).
O vencedor faz parte da noiva, da igreja que pertence somente a Jesus. Ele
recebe, também, o nome de Cristo.
Jesus confessará abertamente os nomes dos seus servos (Mateus 10:32).
Quem tem
ouvidos...ouça (13): Jesus viria logo para
castigar e salvar. É importante ouvir a sua mensagem e estar preparado.
Conclusão
Como identificar uma igreja boa?
Seria a maior? A mais ativa? A mais conhecida? A mais rica? Certamente Jesus
julga por critério diferente do nosso. Ele pode ver uma igreja pobre ou fraca
como uma congregação fiel, dedicada e perseverante. Ao invés de tentar
impressionar os homens, devemos nos dedicar ao desenvolvimento do caráter que
agrada a Deus.
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